O Banco de Portugal comprou por cerca de 40 milhões de euros, em 2018, um terreno na zona do Alto dos Moinhos, em Lisboa, mas não se vai mudar para lá. Depois de estudar outras alternativas, da Avenida de Berna ao Parque das Nações, é nos terrenos da antiga Feira Popular que o supervisor deverá concentrar as suas atividades.
Foi em comunicado que a autoridade comandada por Mário Centeno anunciou o princípio de acordo para o negócio: “O Banco de Portugal e a Fidelidade assinaram hoje um memorando de entendimento que estabelece as bases para a aquisição de um edifício localizado nos terrenos da antiga Feira Popular (na Parcela A da Unidade de Execução de Entrecampos), em Lisboa”.
“Este acordo, que culmina um extenso trabalho de análise técnica, funcional e jurídica, envolvendo equipas de ambas as entidades, reflete o interesse do Banco de Portugal em ali concentrar os seus escritórios em Lisboa e o compromisso da Fidelidade em concretizar a transação”, segundo diz a mesma nota. Em outubro, o jornal Eco tinha já adiantado esta possibilidade.
Não há qualquer referência a valores do investimento, sendo que a intenção é que o banco concentre aqui serviços hoje espalhados em vários edifícios, da Avenida Almirante Reis (em que o atual estado do edifício levou à instalação temporária no Edifício Marconi, também em Entrecampos), na Avenida da República e na Rua Castilho. A ideia é que a sede, na Rua do Comércio, continue ali a funcionar. O supervisor emprega cerca de 1700 trabalhadores, mas uma parcela fora da capital.
“O projeto apresenta uma infraestrutura moderna e funcional com os mais altos padrões de sustentabilidade, numa localização central com grande acessibilidade, integrada e aberta à comunidade, devendo estar concluído no terceiro trimestre de 2027”, segundo a nota do Banco de Portugal.
Em 2027, estará a cumprir-se um novo mandato de governador: o atual, ocupado por Mário Centeno, termina no verão deste ano. Pode haver recondução, os banqueiros até o viam com bons olhos, mas o Governo e os partidos que o sustentam têm sido muito críticos da sua postura.
O negócio ainda não está fechado: “A respetiva formalização está sujeita à conclusão satisfatória das negociações e à obtenção das aprovações necessárias”.
O edifício de escritórios do Banco de Portugal é um dos que ali se vai instalar, mas não o único, já que também a própria Fidelidade estará naqueles terrenos.
A seguradora acredita que a nova edificação – com “edifícios residenciais, escritórios, comércio, parqueamento, zonas verdes e outros espaços públicos” – vai posicionar “Entrecampos como um exemplo de revitalização urbana na Europa”. Há décadas que os terrenos estão sem utilização, quando a Feira Popular abandonou aquela localização (e Lisboa).
Já em relação ao terreno que o Banco de Portugal tem no Alto dos Moinhos, onde os procedimentos para a construção do projeto logo levantaram problemas, o Banco de Portugal não adianta no comunicado o que vai acontecer. Mas ainda Carlos Costa era governador e já se assumia que era um investimento que poderia dar mais-valias com a sua rentabilização, mesmo que não para uso próprio.
(Fonte Expresso, tratado por ASMIP)